segunda-feira, 2 de maio de 2011

A Vitória de Bin Laden

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Na madrugada de hoje, dia dois de maio, foi confirmado o assassinato do “líder” da Al-Qaeda, Osama Bin Laden. É impressionante ver como as autoridades americanas envolvidas no assunto se vangloriam e não enxergam algo pior que está diante dos seus próprios olhos. O terrorismo tem raízes profundas na história humana, principalmente na região do Oriente Médio e dificilmente a morte de Osama vai apagá-lo; ainda mais incoerente é a comemoração dos americanos se levarmos em conta que a Al-Qaeda há muito tempo não conta com um líder.
Terrorismo é o uso de violência, física ou psicológica, através de ataques localizados a elementos ou instalações de um governo ou da população governada, de modo a incutir medo, terror, e assim obter efeitos psicológicos que ultrapassem largamente o círculo das vítimas, incluindo, antes, o resto da população do território. Wikipédia
Raízes do Mal


O terrorismo é mais antigo do que supomos. Não é um fenômeno particular dos tempos atuais. Desde os primórdios essa estratégia nada agradável para suas vítimas, existe. Especialistas apontam uma das mais antigas aparições da estratégia desleal no ano 6, no Oriente Médio, mais especificamente, na Palestina. Eram tempos duros para os judeus. Em meio à dominação e humilhação por povos estrangeiros, principalmente os romanos (que exerciam um papel de destaque comparável ao dos EUA hoje). Em meio a esse clima surge um grupo chamado Sicarii. Os sicarii iam às ruas e matavam à apunhaladas os romanos e judeus colaboracionistas. Curiosidade: alguns estudiosos até acreditam que o sobrenome de Judas Iscariotes seja uma corruptela de sicarii e um indício de que o apóstolo pertencia ao grupo. De tão antigo que é, podemos até traçar a origem da palavra assassino em grupos terroristas do local. No Irã, existia um grupo terrorista cujo líder era Hassan II, os nizariins. Essa era uma facção dissidente do islamismo, conhecida por outro nome: Ordem dos Assassinos. A palavra assassino vem de hashishiyun, que significa “haxixe” em persa, que é uma droga supostamente inalada pelos partidários da Ordem. 


Hoje


Nos dias atuais, continuamos vendo iniciativas brutais como a dos nizariins e sicariis. A diferença é que hoje o arsenal é bem maior e mais poderoso, o que significa que as investidas, ou melhor, atentados, podem ter consequências bem mais preocupantes. Osama Bin Laden era o terrorista mais conhecido da atualidade. Pesquisadores como Norm Dixon defendem a ousada tese de que a Al Qaeda, organização comandada por Osama, é uma criação americana. Segundo o historiador, a Al Qaeda foi uma espécie de milícia financiada pelos EUA nos anos 80, tendo como objetivo expulsar os soviéticos do Afeganistão. Com o fim da URSS, Bin Laden passou a reprovar a presença americana no local, e, como o motivo da criação do organismo terrorista não mais existia, os americanos não demoraram muito para quebrar a diplomacia e engrossar com os afegãos. 
De acordo com Norm Dixon, Bin Laden passou a ser considerado “terrorista” pelos Estados Unidos quando se pronunciou contra a presença de 540 mil soldados norte-americanos na Arábia Saudita, a partir da Guerra do Golfo em 1990-91. Metrópolis
Esse foi o momento em que a problemática com o Oriente Médio realmente começou. E aqui estamos hoje, com a notícia da morte do terrorista mais procurado do mundo. Nem mesmo sabemos se devemos acreditar na veracidade da informação, já que o corpo não foi mostrado (a única foto apresentada na internet é uma falsificação descarada; veja abaixo) antes de ser jogado no mar. A evidência que os americanos sustentam é o DNA de Bin Laden. Mas o fato de o teste ter sido positivo não prova que o homem está morto e sim que seu material genético foi apreendido de alguma forma. 


Seja como for, Tio Sam não tem tantos motivos para comemorar. Certamente sua morte foi um golpe certeiro na organização, mas não o suficiente para que ela se dê por vencida ou abalada gravemente. Ahmed Rashid, especialista em Talibã e Paquistão, diz em artigo no site da BBC, que há anos a Al Qaeda abandonou o modelo de liderança centralizada; em outras palavras, Bin Laden não era mais o líder. Agora o grupo terrorista conta com uma rede capilar em que, sem um ponto central de comando, basta qualquer um que sinta simpatia pelos seus preceitos e objetivos, sair por aí com uma bomba amarrada na cintura e puxar a cordinha. “Hoje a filosofia da Al-Qaeda é ‘um homem, uma bomba’. A rede virou uma espécie de ‘franquia’ que também atua através de grupos aliados ou inspirados por sua filosofia.”, diz Ahmed Rashid. No fim das contas, parece que Osama Bin Laden foi o grande vencedor, mesmo comendo capim pela raíz. Foi, sob seu comando, que o Pentágono foi danificado e um dos maiores símbolos americanos foi completamente destruído. Foi graças a essa atitude, que teve como consequência a morte de centenas de pessoas, que a sua causa é conhecida agora mundialmente. Por causa desse evento monstruoso é que o islamismo hoje é tão conhecido quanto qualquer religião cristã. E, foi graças ao seu suposto assassinato, que talvez sua ex-organização terrorista invista em ataques pelo mundo todo (alguém duvida que no mínimo mais um atentado aos EUA ocorra? Pelo menos um carro bomba acredito que vá rolar) em busca de vingança pela morte de seu ícone. 

Referências: