sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

30 Dias de Noite: Vampiros de Respeito

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Um dia estava lendo um exemplar de Vampiro Americano – uma ótima HQ com roteiro escrito por Stephen King – e uma amiga ao ler o título da capa perguntou: “Ih! Vampiros! É romance?” Quando respondi que era uma história de vampiros de verdade ela não disse nada, pareceu não se interessar. Ok, nesse dia eu vi que o Efeito Crepúsculo tinha vindo para ficar. 

Os vampiros não necessariamente tem de ser personagens envoltos num terror absoluto, mas não imagino sua história tão pouco sendo relacionada a romances e histórias felizes. Seres chupadores de sangue ou de qualquer coisa relacionada à força vital sempre existiram em diversas culturas, e sua história tem sempre relação com a maldição que é, no fundo, a vida eterna e o modo de vida digno de um parasita. Hoje, o que encontramos são histórias de vampiros com cabelinho na moda, que querem estudar e levar uma vida normal, tendo que, para isso, abdicarem até daquilo que dá a vida eterna a eles: sangue. E o pior, eles ainda são capazes de se apaixonar e lutarem por um grande amor. 

 Acho essas histórias deploráveis. Tudo bem, é um tipo de conto direcionado ao público feminino, mas não acho que isso justifique a deturpação do espírito do personagem trágico e assombroso que é o vampiro. Se fosse alguma outra criatura mítica, tudo bem. Algumas pessoas me dizem assim (no geral, mulheres): “Ah, mas você é muito fechado à novas formulações de personagens.” Não, não sou. Homem Aranha, Batman e Super Homem, por exemplo, são personagens que gosto muito e já foram reformulados várias vezes para se adaptarem aos tempos atuais. Uma coisa que essas adaptações possuem e que outras como Crepúsculo não tem é a permanência da essência do personagem. Se você muda tudo, até mesmo a essência, por que deveríamos manter mesmo o nome original naquela nova criatura? Além disso, ninguém é obrigado a gostar de uma obra só porque é uma nova adaptação de algo mais antigo. Isto é, reconheço que existe agora um novo modo de se escrever  e descrever vampiros, mas posso gostar dele ou não. As mulheres geralmente gostam porque elas frequentemente apreciam esse tipo de narrativa voltada ao romantismo. 

 Mas, enfim, o que venho contar neste post é que encontrei uma HQ que trata os vampiros como o que são no modo clássico: criaturas perturbadas e luxuriosas que só pensam em uma coisa: beber sangue e mostrar seu poder. Em 30 Dias de Noite, conhecemos um pequeno lugarejo no Alaska, em que o Sol fica trinta dias ausente, deixando o local numa verdadeira escuridão. Nesse meio tempo, os policiais da cidade notam que muitos problemas nas comunicações estão ocorrendo: telefones, celulares e internet não funcionam. Logo, percebem que tais falhas parecem ter sido causadas por vida inteligente, com um propósito sombrio. 

 Logo esses monstros, que parecem ser uma mistura de vampiros, zumbis e demônios, chegam. Uma aparência pálida, lisa e ameaçadora, vampiros aos trapos como se negligenciassem totalmente a aparência em prol de uma caça incansável intercalada por uma fuga constante para garantir sua sobrevivência. Seu objetivo lá é só um: transformar a pequena cidade num inferno gelado, onde pessoas são tratadas como frascos a serem abertos e chupados, onde nem idosos nem crianças são poupados. Os traços um tanto borrados e pouco definidos dão um incrível ar de realidade às cenas, e o clima de poucas cores aumenta essa sensação mais ainda, criando também uma aura de mistério e terror. Então, acho que esse quadrinho realmente é uma ótima opção à todos aqueles que preferem um vampiro à moda antiga, com sustos e tensão.